Assassin’s Creed Shadows e a derrocada criativa da Ubisoft
A Ubisoft já foi um dos nomes mais respeitados da indústria dos games. Franquias como Assassin’s Creed, Far Cry e Splinter Cell colocaram o estúdio no topo. Mas os últimos anos vêm revelando um cenário preocupante: decisões equivocadas, foco excessivo em monetização e jogos lançados com problemas técnicos. O mais novo capítulo dessa decadência atende pelo nome de Assassin’s Creed Shadows.
Um lançamento marcado por problemas técnicos
Lançado com promessa de inovação ao ambientar a série no Japão Feudal, Assassin’s Creed Shadows acumulou expectativas — e rapidamente frustrou boa parte delas. Um exemplo claro foi a remoção da função de venda múltipla de itens (multi-sell), uma melhoria de qualidade de vida pedida pelos jogadores desde o lançamento.
A função foi adicionada brevemente, mas removida poucos dias depois por causar crashes, principalmente ao jogar com a personagem Naoe. Ou seja, uma função básica de inventário, presente até em jogos menores, foi lançada com problemas sérios. Mais grave ainda: a Ubisoft anunciou que vai trazer o recurso de volta em um patch futuro, sem data definida.
Isso reforça uma crítica frequente: a Ubisoft parece lançar seus jogos como “early access disfarçados”, mesmo cobrando preço cheio.

Microtransações: o novo vício da Ubisoft
Outro ponto que gera revolta na comunidade é a presença cada vez mais agressiva de microtransações. Assassin’s Creed Shadows não escapa disso. Mesmo sendo um título single-player, o game inclui pacotes de cosméticos, atalhos para progressão e vantagens pagas com dinheiro real.
Essa prática levanta questionamentos: por que um jogador deve pagar R$300 no lançamento de um jogo e ainda ser incentivado a gastar mais para obter itens ou acelerar sua experiência? A resposta é simples — lucro rápido. Porém, esse modelo fere a essência de jogos de mundo aberto, que deveriam premiar exploração e progressão orgânica.
Críticas à narrativa e à identidade da franquia
Não é só na parte técnica ou monetária que Shadows tropeça. Muitos fãs vêm apontando a perda de identidade da franquia Assassin’s Creed. Elementos como a história moderna (com personagens como Desmond e Layla) foram deixados de lado ou tratados com descaso. Há cada vez menos conexão entre os títulos, com roteiros que parecem feitos para agradar investidores, não jogadores.
A introdução de Yasuke, um personagem histórico real, foi uma boa ideia em teoria, mas mal explorada no enredo. Ao mesmo tempo, Naoe, a ninja protagonista, sofre com diálogos rasos e pouca profundidade emocional. O resultado é uma narrativa que não empolga, mesmo com um cenário culturalmente rico.
A Ubisoft ainda pode se recuperar?
A Ubisoft parece estar em um ciclo vicioso: promessas grandiosas, lançamentos apressados, updates emergenciais e monetização pesada. Isso distancia os jogadores veteranos e também afasta novos públicos.
Não se trata de torcer contra a empresa — mas sim de cobrar responsabilidade criativa e respeito pelo consumidor. A Ubisoft precisa, urgentemente, rever suas prioridades e lembrar que jogos marcantes são feitos com cuidado, não com planilhas de monetização.