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A banalização dos remasters: quando o “novo” é só fachada

A indústria dos games entrou em um ciclo onde a palavra “remaster” perdeu força. O termo, que deveria indicar um salto real de qualidade ou acessibilidade, tem sido usado como desculpa para lançamentos apressados, sem novidades reais — e The Last of Us Part II Remastered é o exemplo mais recente e evidente desse problema.


O Remaster de The Last of Us Part II: mais marketing do que evolução

Visual quase idêntico à versão anterior

O lançamento de 2025 chegou com promessas de melhorias gráficas, mas, na prática, as diferenças para o jogo de 2020 são mínimas. Texturas ligeiramente mais nítidas e reflexos levemente aprimorados não justificam um relançamento completo.

Pouco conteúdo novo e sem impacto

Modos como No Return (roguelike) e missões cortadas até geram curiosidade, mas não oferecem profundidade suficiente para uma nova compra. A experiência central permanece praticamente inalterada.

Timing duvidoso e foco no hype da série

O lançamento simultâneo com a nova temporada da série The Last of Us na HBO reforça a crítica: trata-se menos de homenagear o legado do jogo e mais de capitalizar em cima do marketing externo. É uma estratégia claramente voltada a “farmar” dinheiro enquanto a franquia está em alta.


Naughty Dog e Sony: criatividade estagnada?

Novo jogo ainda sem direção

Após anos sem um projeto original, a Naughty Dog anunciou Intergalactic: The Heretic Prophet. Porém, o jogo sequer tem trailer, data de lançamento ou proposta clara. A recepção inicial foi morna, com a comunidade questionando a falta de transparência e inovação.

Ciclo de relançamentos esgotado

Enquanto estúdios como FromSoftware e CD Projekt Red investem em novos IPs e expansões robustas, a Naughty Dog parece presa ao passado. É uma desenvolvedora lendária, mas que nos últimos cinco anos viveu mais de relançamentos do que de criações inéditas.


Oblivion Remastered: um exemplo de como fazer direito

Gráficos realmente de nova geração

Diferente de outros remasters preguiçosos, Oblivion Remastered traz um salto técnico notável. A transição para a Unreal Engine 5 deu nova vida ao mundo de Cyrodiil: iluminação dinâmica, ambientes mais densos, efeitos climáticos convincentes e modelos de personagem refeitos.

Jogabilidade retrabalhada com carinho

Além da parte visual, o jogo inclui:

  • Sistema de progressão balanceado;
  • Nova movimentação (com corrida real);
  • Animações de combate repensadas;
  • Interface mais intuitiva.

Ou seja, não é apenas um jogo mais bonito, é um jogo mais fluido e adaptado aos padrões modernos de jogabilidade.


Valor alto, mas com alternativa justa: o Game Pass

Sim, o jogo custa quase R$ 300 na versão completa — algo que pode assustar. Porém, há um diferencial importante: o título foi incluído no Xbox Game Pass desde o dia do lançamento. Isso significa que qualquer assinante pode jogar sem custos adicionais.

Essa abordagem valoriza o consumidor: se você não gostar do jogo, não perde dinheiro. Se amar, pode continuar jogando ou comprar com desconto. É uma forma justa de dar acesso sem forçar o jogador a pagar caro por algo que ainda não conhece.


Um alerta necessário: e o The Elder Scrolls VI, cadê?

Mesmo com o acerto no remaster de Oblivion, a Bethesda também tem um elefante na sala. The Elder Scrolls VI foi anunciado em 2018 e, desde então, praticamente sumiu. Nenhuma gameplay, nenhuma previsão — apenas especulações e uma breve logo em trailer.

Expectativas nas alturas

Como jogador que investiu centenas (senão milhares) de horas em Skyrim, espero que o novo capítulo não seja apenas mais do mesmo. A nova geração de consoles, o avanço de motores gráficos e a inteligência artificial têm potencial para transformar o RPG ocidental novamente.


Respeito ou oportunismo?

No fim das contas, a comparação é clara:

AspectoLast of Us Part II RemasteredOblivion Remastered
Gráficos atualizadosLeves melhoriasTotalmente refeitos
Novas mecânicasMínimasDiversas e relevantes
Inclusão em assinaturaNãoSim (Game Pass)
PreçoCheioCheio, mas com alternativa
Visão de futuro do estúdioIncertaPromissora (apesar do TES VI)

A indústria precisa olhar para esses exemplos e refletir: o que é um remaster de verdade? É só passar um filtro HD em um jogo antigo ou é uma chance de renovar, expandir e modernizar uma experiência que marcou gerações?

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