Mafia: The Old Country acerta ao abandonar o mundo aberto
Quando a 2K e a Hangar 13 anunciaram que Mafia: The Old Country não seguiria o modelo de mundo aberto, muitos jogadores se surpreenderam. Afinal, os títulos anteriores da franquia, especialmente Mafia 3, apostaram fortemente em cidades abertas e exploráveis. Mas a escolha por uma narrativa linear não só faz sentido — ela pode ser a melhor coisa que já aconteceu à série.
A promessa de uma experiência mais focada
Ambientado na Sicília do início dos anos 1900, The Old Country carrega um cenário rico e carregado de possibilidades. Seria tentador explorar esse ambiente com liberdade total, mas o estúdio optou por priorizar personagens, enredo e atmosfera, em vez de construir um mundo aberto apenas por obrigação. E essa decisão é estratégica.
Em tempos em que jogos de mundo aberto são medidos pela escala e realismo — e comparações inevitáveis com GTA 6 surgem à menor oportunidade —, desenvolver um universo aberto sem os recursos astronômicos das gigantes da indústria pode acabar prejudicando o jogo, como aconteceu com Mafia 3.

Lições do passado: o caso de Mafia 3
Mafia 3 é um bom exemplo de como a ambição por escala pode sufocar o coração narrativo de um jogo. Sua introdução é densa, emocional e cinematográfica, acompanhando o protagonista Lincoln Clay em um retorno sombrio ao sul dos EUA após a Guerra do Vietnã. No entanto, à medida que o jogo transita para o mundo aberto de New Bordeaux, a narrativa perde força. Missões repetitivas, NPCs vazios e objetivos genéricos diluem o impacto dramático que o começo prometia.
Mafia 2, por outro lado, limitava seu escopo para manter o foco. E foi justamente essa abordagem mais contida que o tornou memorável.
Mundo aberto não é sinônimo de qualidade
Os padrões para jogos de mundo aberto nunca foram tão altos. Jogos que tentam competir nesse campo precisam entregar não apenas escala, mas profundidade e vida em cada esquina. E a verdade é que nem toda narrativa precisa de um mapa gigantesco para funcionar — especialmente histórias mais íntimas e violentas, como se espera de Mafia: The Old Country.
A expectativa agora é de um jogo mais conciso, com zonas exploráveis à la Indiana Jones and The Great Circle, onde o jogador pode realizar objetivos opcionais antes de prosseguir. Ao trocar o “checklist” de atividades genéricas por um enredo cuidadosamente escrito e momentos cinematográficos intensos, o novo Mafia pode recuperar o brilho perdido e se destacar por seus próprios méritos.
Menos pode ser mais
Nem todo jogo precisa ser uma réplica de GTA. Ao eliminar o peso de um mundo aberto desnecessário, Mafia: The Old Country tem a chance de entregar uma experiência mais imersiva, coesa e marcante. Uma narrativa sólida, personagens bem construídos e ambientação histórica rica podem fazer mais pela franquia do que quilômetros de ruas vazias.