A polêmica ausência de crianças em Kingdom Come: Deliverance 2
Desde o lançamento de Kingdom Come: Deliverance 2, uma dúvida ronda a comunidade: por que não há nenhuma criança no jogo? Ambientado no século XV, o título busca uma fidelidade histórica impressionante — então a ausência de figuras infantis não passou despercebida. As teorias iam desde piadas sobre “crianças não terem sido inventadas” até sugestões absurdas de que estariam todas nas minas. Mas, agora, finalmente temos uma explicação oficial.
Durante a Prague Comic-Con, o produtor executivo Martin Klíma abordou a questão de forma direta. E sua resposta revelou um dilema ético e técnico que justifica a decisão do estúdio Warhorse.
“Você não quer isso como um problema de PR”
Klíma explicou que a ausência de crianças não é por falta de vontade dos desenvolvedores. Na verdade, a equipe gostaria de incluí-las, até porque elas ajudariam a quebrar a monotonia visual do jogo, onde todos os NPCs têm estaturas e comportamentos semelhantes. No entanto, o problema é bem mais profundo.
“Adicionar crianças aumentaria o realismo. Mas se você não pudesse atacá-las, não seria uma simulação tão realista. E se pudesse… você não quer pessoas fazendo vídeos jogando corpos de crianças em pilhas. Você não quer isso como um problema de relações públicas, e tampouco do ponto de vista humano.”
O comentário de Klíma levanta um ponto delicado que muitos estúdios evitam discutir: nem todos os jogadores agem com empatia ou bom senso, e permitir esse tipo de interação poderia gerar conteúdo extremamente perturbador nas redes sociais. Com a popularidade dos vídeos de gameplay e mods, esse tipo de risco torna-se ainda mais relevante.
Implicações técnicas e custo de produção
Além do aspecto ético, a presença de crianças exigiria um investimento técnico adicional. Segundo Klíma, não seria possível simplesmente “diminuir” os modelos dos adultos. Seria necessário criar animações, interações e comportamentos específicos para NPCs infantis, o que representaria pelo menos seis meses a mais de desenvolvimento.

Realismo versus responsabilidade
A discussão sobre o realismo nos jogos de mundo aberto sempre gera debate. Muitos jogadores pedem por experiências mais fiéis à história ou à lógica interna do universo apresentado. No entanto, como destaca Klíma, há uma linha tênue entre simulação e responsabilidade. E, nesse caso, a decisão de não incluir crianças parece ter sido um equilíbrio entre imersão e ética.
Uma decisão acertada?
Apesar da frustração de alguns fãs, a ausência de crianças em Kingdom Come: Deliverance 2 mostra que nem sempre o realismo deve vir antes da responsabilidade. A escolha do estúdio revela maturidade e consciência dos efeitos que certas liberdades podem ter dentro e fora do jogo.
E você, o que achou da decisão da Warhorse Studios? Acha que jogos realistas devem ter esse tipo de limitação ética? Compartilhe sua opinião nos comentários e participe da discussão!