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A nova controvérsia da Naughty Dog: crítica, reação e a atriz de Heretic Prophet

Nos últimos anos, a Naughty Dog tem enfrentado uma relação turbulenta com parte de sua comunidade. Desde a decisão narrativa polêmica em The Last of Us Part II, que dividiu os fãs em 2020, até a recepção mista da série live-action, a desenvolvedora parece estar constantemente no centro do debate gamer.

O mais novo capítulo dessa tensão gira em torno de Intergalactic: The Heretic Prophet, projeto ainda não lançado, mas já alvo de críticas — especialmente após a revelação da protagonista interpretada por Tati Gabrielle.


O que gerou a polêmica?

Durante uma entrevista à Entertainment Weekly, Gabrielle comentou que já havia recebido uma onda de críticas e “ódio” após o anúncio do jogo no The Game Awards 2024. Segundo ela, o visual de sua personagem — uma mulher negra, careca e imponente — gerou reações negativas que, para muitos, foram motivadas por preconceito.

A atriz afirmou que foi orientada por Neil Druckmann (criador de The Last of Us) a ignorar os comentários, e prometeu criar algo “belo e digno de orgulho”. No entanto, as críticas não foram apenas sobre a personagem — muitos apontaram o comportamento da atriz nas redes sociais como um dos principais fatores para o aumento da rejeição.


Crítica não é ódio

Boa parte dos comentários da comunidade gira em torno da insatisfação com a forma como o jogo foi apresentado: trailers focados em cinematics e nenhuma amostra real de gameplay. Isso, por si só, já levanta suspeitas entre os jogadores mais experientes.

Além disso, reações sarcásticas da atriz em suas redes sociais, como o uso de memes que ironizam os críticos com frases como “fragile masculinity” e “incel tears”, foram vistas como provocativas. Muitos enxergaram esse tipo de resposta como uma tentativa de alimentar ainda mais a controvérsia e se colocar como vítima de uma suposta perseguição generalizada, desconsiderando críticas legítimas.


A repetição de um padrão?

Casos semelhantes já ocorreram antes — o mais notável foi com a atriz Laura Bailey, que deu voz a Abby em The Last of Us Part II. Embora seja inaceitável qualquer tipo de ameaça ou ataque pessoal, é importante não confundir críticas à obra com ataques aos atores. O discurso midiático, porém, frequentemente associa qualquer reação negativa ao preconceito, ignorando nuances e reduzindo o debate a rótulos fáceis.

A situação lembra também a série Obi-Wan Kenobi, onde a atriz Moses Ingram foi preparada para lidar com possíveis ataques, o que levou muitos fãs a se perguntarem se esse tipo de antecipação cria uma “profecia autorrealizável”.


Representatividade com propósito ou marketing vazio?

Jogadores não rejeitam protagonistas femininas — exemplos como Tomb Raider, Metroid e Hellblade são amplamente admirados. A crítica surge quando a construção dessas personagens parece artificial, moldada para cumprir agendas ou tendências, em vez de servir à narrativa de forma orgânica.

Em Heretic Prophet, muitos sentiram que o marketing buscava gerar buzz a partir de controvérsias em vez de promover o jogo pelo que ele realmente é. A ausência de gameplay, somada à forma como a protagonista foi apresentada, levantou suspeitas de que o foco está mais na representatividade como estratégia de branding do que na criação de uma experiência cativante para o jogador.


A reação da comunidade

Em redes sociais, usuários expressaram frustração com a forma como a Naughty Dog e sua equipe têm lidado com críticas. Comentários como “quero ver o jogo, não um filme” ou “me mostrem gameplay, não ideologia” refletem um cansaço crescente com trailers cinematográficos e discursos pré-fabricados.

Há quem acredite que parte da estratégia seja provocar justamente esse tipo de resposta — afinal, publicidade negativa ainda é publicidade. Mas essa tática pode sair pela culatra. Muitos jogadores estão optando por ignorar títulos que priorizam discursos em vez de jogabilidade e narrativa consistente.


O jogo que ainda nem saiu, mas já cansou

Intergalactic: The Heretic Prophet ainda nem tem data de lançamento, mas já acumula polêmicas suficientes para dividir opiniões. A crítica não está, necessariamente, na presença de uma protagonista forte e diversa, mas na maneira como isso é promovido e defendido.

Se a Naughty Dog realmente deseja recuperar a confiança da base que a consagrou, talvez seja hora de voltar ao básico: contar boas histórias, respeitar o público e deixar que os jogos falem por si.

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