O que aconteceu com a magia de Pokémon?
Pokémon, uma das franquias mais icônicas e controversas para crianças, passou de febre mundial a uma série que divide opiniões. Entre ataques epilépticos, processos judiciais e escolhas de design questionáveis, muitos acreditam que o verdadeiro problema está na perda da visão original do jogo.
A visão original de Pokémon
Satoshi Tajiri, criador de Pokémon, teve sua inspiração na infância. Ele cresceu capturando insetos em uma região ainda rural de Tóquio. Com o avanço da urbanização, esses habitats desapareceram, levando Tajiri a recriar a emoção de explorar a natureza em um formato moderno. Assim nasceu Pokémon.
Com ajuda de Ken Sugimori e Shigeru Miyamoto, Tajiri e sua equipe pequena desenvolveram um jogo para Game Boy que conquistou o mundo. Pokémon era uma celebração da infância, natureza e tecnologia em harmonia. O Japão dos anos 80 e 90 foi a base de inspiração para as primeiras gerações de jogos.
Do sucesso ao modelo corporativo
A franquia se tornou mais que um jogo: virou anime, mangá, filmes, cartas colecionáveis e até um estilo de vida. Porém, o crescimento veio acompanhado de mudanças significativas na forma como os jogos eram criados. A Pokémon Company começou a priorizar lançamentos rápidos para manter o ciclo de marketing ativo.
- Lançamentos acelerados a cada três anos.
- Foco em designs comercializáveis.
- Redução no tempo de desenvolvimento dos jogos.
Esse ritmo frenético impactou a qualidade dos jogos. Comparando com a época dos consoles Game Boy e DS, onde o tempo de desenvolvimento era maior, as novas gerações sofrem com falta de coesão e polimento.
A influência do hardware limitado
Os consoles antigos, como Game Boy e DS, limitavam as possibilidades de design. Isso forçava a equipe a criar visuais mais coesos e simplistas, gerando uma identidade única para cada Pokémon e região. Já no hardware atual, essa limitação não existe, levando a designs mais complexos e, muitas vezes, desconexos.
Regiões baseadas em locais fora do Japão, como Inglaterra e França, também não capturam o mesmo “espírito Pokémon”. Biomas genéricos e mapas gigantes parecem mais artificiais do que um mundo vivo e imersivo.
Equipes maiores, foco diluído
Nas primeiras gerações, equipes pequenas garantiam um alinhamento de visão. Com o crescimento da franquia, novos designers e líderes trouxeram suas próprias perspectivas, o que diluiu a essência do que fazia Pokémon especial. Ken Sugimori, peça-chave na identidade visual, assumiu um papel menor nas últimas gerações.
Embora a evolução seja natural, o foco nos games de hoje parece perdido. Falta coesão nos designs, histórias e mapas, o que compromete a experiência geral. Jogos como *Legends: Arceus* tentaram resgatar alguns desses elementos, mas não o suficiente para trazer a magia de volta.
No final, Pokémon não precisa voltar ao passado, mas precisa encontrar um equilíbrio entre inovação e a essência que o tornou uma das maiores franquias do mundo.
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