Se você acompanha minimamente a comunidade gamer, já deve ter ouvido as previsões sombrias: os jogos não são mais tão bons, jogos AAA estão caros demais para serem produzidos, isso não é sustentável, e uma crise está a caminho — ou, pior ainda, já começou.
Ao mesmo tempo, vemos perguntas sobre qual jogo tem os melhores gráficos, onde estamos tão próximos dos personagens que é como se pudéssemos ver suas almas. Esse tipo de discussão parece acontecer mais em jogos AAA de alto orçamento. Não vemos, por exemplo, os jogadores analisando o rosto do Ori em detalhes, buscando imperfeições. E talvez isso seja uma pena, porque ver a alma de Ori poderia nos ajudar a corrigir os problemas que temos na indústria dos games.
O Custo de Focar Apenas em Gráficos
Essa obsessão com gráficos realistas tem um preço. Jogos AAA são caros, demoram anos para serem desenvolvidos e, quando finalmente são lançados, o que mais se destaca são… os gráficos. E não me entenda mal, eu aprecio gráficos bonitos e realistas. The Last of Us 2, por exemplo, é deslumbrante, assim como Horizon Zero Dawn e Horizon Forbidden West.
No entanto, eu não gosto tanto desses jogos. Gráficos bonitos são ótimos, mas não são o suficiente para salvar um jogo ruim. Hellblade 2, por exemplo, é um dos jogos mais visualmente impressionantes de 2023, mas se olharmos para as análises, muitas delas mencionam a beleza dos gráficos, mas criticam a jogabilidade e a história.
Jogabilidade ou Realismo: O Que É Mais Importante?
Isso levanta uma questão importante: gráficos realistas valem a pena? Valem o tempo de desenvolvimento e o alto custo de produção? E, mais importante, o fato de que grandes orçamentos frequentemente resultam em jogos menos arriscados? A resposta a essa pergunta pode determinar o futuro da indústria dos games.
Com estúdios gastando quantias enormes em gráficos, eles precisam garantir que o jogo seja um sucesso de vendas. Isso significa que tendem a jogar seguro, produzindo jogos que se encaixam em uma fórmula previsível. O resultado? Menos diversidade nos tipos de jogos que recebemos.
A Questão do Risco no Desenvolvimento de Jogos
Recentemente, vimos o impacto disso na PlayStation, onde muitos títulos parecem seguir a mesma fórmula. A Xbox também tem seus próprios problemas, como o recente fechamento do estúdio por trás de Hi-Fi Rush, mesmo após o sucesso do jogo. Isso parece contraditório, mas faz sentido quando consideramos que o foco da Microsoft está em sua aquisição da Activision Blizzard e na promoção do Game Pass.
Infelizmente, mesmo estúdios criativos e aclamados podem ser fechados se não gerarem receita suficiente. Por outro lado, jogos como Call of Duty continuam a ser promovidos incansavelmente. Tudo se resume ao dinheiro.
Nintendo: Um Exemplo de Sucesso Sem Realismo
Enquanto isso, a Nintendo continua a produzir jogos de sucesso, sem depender de gráficos realistas. Títulos como Breath of the Wild, Splatoon e Metroid Dread são prova de que gráficos estilizados podem ser tão eficazes quanto o realismo.
Além disso, a Nintendo apoia fortemente o cenário indie, dando visibilidade a jogos como Celeste, Ori and the Blind Forest e Undertale. E há rumores de que até mesmo Hi-Fi Rush pode aparecer em suas plataformas. Seria ótimo se a Nintendo tivesse assumido o estúdio da Tango Games em vez da Xbox.
Direção de Arte vs. Realismo
Eu sempre respeitei a Nintendo por focar em direção de arte, em vez de gráficos realistas. Elden Ring, por exemplo, é visualmente impressionante, mas muitos gamers criticaram seus gráficos na época do lançamento, pedindo que a FromSoftware atualizasse seu motor gráfico.
No entanto, Elden Ring ganhou o prêmio de Jogo do Ano em 2022, provando que jogabilidade é o que realmente importa. O mesmo aconteceu com Sekiro, outro jogo da FromSoftware que impressionou com seu combate.
No final das contas, o que importa é a jogabilidade. Gráficos realistas podem ser apreciados, mas não devem ser o foco principal de um jogo.
Conclusão: Foco na Jogabilidade é Essencial
Para mim, jogos como Stellar Blade são exemplos de que uma arte bem-feita pode carregar um jogo. Mesmo que não sejam os mais realistas, sua atenção aos detalhes e polimento o tornam uma experiência de próxima geração.
Prefiro jogos que não passem por um inferno de desenvolvimento, focando mais na jogabilidade do que em gráficos. No fim das contas, é a jogabilidade que brilha e garante a longevidade de um jogo, e não o quão realistas seus gráficos são.
E você, o que prefere em um jogo? Gráficos deslumbrantes ou uma jogabilidade envolvente? Deixe sua opinião nos comentários!