Clair Obscur: Expedition 33 humilha a Square Enix e revive o RPG por turno

Clair Obscur: Expedition 33 chegou como quem não queria nada — vindo de um estúdio AA francês formado por ex-devs da Ubisoft — e explodiu em popularidade. Em apenas três dias, vendeu mais de 1 milhão de cópias, sem contar os jogadores do Game Pass. E isso, por si só, já é o suficiente para colocar em xeque algumas das maiores narrativas do mercado atual.

O mito de que “RPG por turno não vende”

Durante anos, a indústria insistiu que o combate por turno estava ultrapassado. Gigantes como a Square Enix reformularam suas franquias, abandonando o estilo clássico em busca de um público mais moderno. Mas Expedition 33 chegou provando o contrário — com influência clara de jogos como Final Fantasy VIII e Super Mario RPG, ele mostrou que o público ainda quer esse tipo de experiência.

E não estamos falando de um estúdio AAA com orçamento ilimitado. A equipe de Expedition 33 conta com cerca de 30 pessoas. Mesmo assim, entregaram um jogo visualmente deslumbrante, com combates estratégicos e uma narrativa sombria que tocou muitos jogadores. O sucesso veio tanto em vendas quanto em recepção crítica.

Game Pass afeta vendas? Nem sempre.

Outra ideia derrubada: a de que jogos no Game Pass não vendem. Expedition 33 foi lançado no serviço da Microsoft no Day One, o que gerou a expectativa de números baixos de venda. Mas o resultado foi justamente o oposto. As vendas superaram a marca de 1 milhão de cópias em apenas três dias — um feito notável mesmo para jogos grandes, quanto mais para um título independente de médio porte.

Isso mostra que estar no Game Pass não é sentença de morte comercial. Pelo contrário: pode ser vitrine para atingir mais jogadores e gerar conversas orgânicas que impulsionam a compra em outras plataformas, como o Steam.

Square Enix e a desconexão com sua base de fãs

O contraste com a Square Enix é inevitável. Enquanto Expedition 33 abraça suas raízes no JRPG, a saga Final Fantasy parece cada vez mais distante do que a tornou um ícone. Apesar de produções recentes como Final Fantasy XVI terem qualidade técnica, elas abandonam o combate por turno — algo que muitos fãs ainda valorizam profundamente.

O que torna a situação ainda mais complexa é a crescente sensação de que a Square Enix está moldando seus jogos com base em diretrizes corporativas e comitês de “ética”, preocupada mais com evitar polêmicas do que em agradar jogadores fiéis. E embora isso possa proteger a imagem da empresa, também tem criado produtos mais genéricos e menos memoráveis.

A importância da concorrência e da escuta ativa

Talvez o maior trunfo de Expedition 33 tenha sido mostrar que escutar a comunidade dá resultado. Assim como aconteceu com World of Warcraft Classic, que só foi lançado após pressão da base de fãs, este novo RPG francês chegou para suprir um desejo latente: o retorno do RPG por turno, com identidade visual marcante e enredo profundo.

O sucesso desse jogo independente serve como lembrete de que o mercado não precisa seguir uma única tendência. Existe espaço para inovação, mas também para o resgate do que funcionou no passado.

Um novo ciclo para o gênero?

Não dá pra dizer que um único jogo mudará o rumo da indústria, mas é possível — e até provável — que Expedition 33 sirva de inspiração. Com sua mistura de nostalgia, execução refinada e sucesso comercial, o título pode incentivar mais estúdios a apostarem novamente no RPG por turno.

Clair Obscur: Expedition 33 é mais do que um bom jogo. É um sinal de que o mercado ainda valoriza qualidade, estratégia e narrativas densas — mesmo quando entregues por estúdios menores. Ele confronta diretamente a ideia de que o futuro dos RPGs é exclusivamente em tempo real, além de mostrar que o público não quer ver franquias queridas, como Final Fantasy, abrindo mão de suas origens em nome de tendências passageiras.

E você? Já jogou Expedition 33? Acha que a indústria deveria mesmo voltar às origens ou prefere os combates modernos em tempo real? Deixe sua opinião nos comentários e continue acompanhando a Guilda dos Gamers para mais análises sinceras sobre o mundo dos jogos!