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Dragon Age: The Veilguard revela o colapso silencioso da BioWare

O lançamento de Dragon Age: The Veilguard trouxe à tona muito mais do que um novo capítulo na clássica franquia da BioWare. Um relatório publicado pela Bloomberg expôs o que muitos já suspeitavam: o jogo nasceu em meio ao caos, manipulado por decisões corporativas desastrosas e mudanças de rumo impostas pela Electronic Arts.

O resultado? Um desenvolvimento conturbado, repleto de interferências executivas, demissões em massa e um produto final inconsistente — um reflexo direto de uma gestão desconectada da realidade de produção de jogos.

EA forçou mudanças insustentáveis

Segundo a apuração, a EA inicialmente pressionou a BioWare a transformar The Veilguard em um jogo live-service multiplayer, abandonando o DNA narrativo da franquia. Anos depois, a mesma EA voltou atrás e exigiu que o projeto fosse reconvertido em um RPG single-player — faltando apenas 18 meses para a data de lançamento.

A troca de escopo em cima da hora não só comprometeu a coesão do jogo como forçou a equipe a apagar rastros de um sistema multiplayer já parcialmente implementado. A EA, inclusive, precisou adiar o jogo duas vezes para que a BioWare pudesse tentar adaptar o conteúdo dentro do novo direcionamento — uma tentativa de apagar o fogo com um balde furado.

Ex-funcionários da BioWare revelam como Dragon Age foi ignorado após Inquisition, sofrendo com descaso, promessas vazias e foco em Anthem.
Ex-funcionários da BioWare revelam como Dragon Age foi ignorado após Inquisition, sofrendo com descaso, promessas vazias e foco em Anthem.

Produto final afetado por decisões corporativas

Apesar de críticas iniciais relativamente positivas, The Veilguard não atingiu nem metade das expectativas comerciais da EA. A recepção da comunidade foi morna, especialmente entre fãs veteranos, que notaram falhas claras no ritmo narrativo e na consistência do mundo. O fracasso em vendas resultou em cortes internos: muitos desenvolvedores foram demitidos ou realocados para outros estúdios do grupo.

Mais preocupante do que os números foi o que veio à tona após o lançamento. Desenvolvedores como Blair Thornburn (diretor de design) usaram as redes sociais para denunciar o que de fato aconteceu:

“O pior é que os problemas foram identificados no início, mas mesmo assim decidiram seguir. Isso colocou a equipe em uma situação impossível desde o começo. Foi um milagre lançarmos algo, ainda mais com o nível de qualidade que conseguimos. A equipe de narrativa foi heroica.”

Jo Berry, ex-BioWare e atual roteirista da Motive, também comentou:

“Entrei só no final do projeto… e mesmo assim foi de cair o queixo o estado em que as coisas estavam.”

A BioWare ainda tem salvação?

Com o histórico recente de fracassos consecutivos — incluindo Anthem e agora The Veilguard — a BioWare está longe da potência criativa que definiu uma geração com Mass Effect e Dragon Age: Origins. O estúdio agora trabalha em Mass Effect 5 com uma equipe reduzida a cerca de 20 desenvolvedores.

A pergunta que fica é direta: a BioWare ainda tem espaço no futuro dos RPGs, ou virou apenas mais uma vítima das decisões impensadas de seus controladores?

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