Ex-funcionários da BioWare revelam como Dragon Age foi ignorado após Inquisition, sofrendo com descaso, promessas vazias e foco em Anthem.

Dragon Age: A Saga Traída Pelos Próprios Criadores?

Quem acompanha o universo de Dragon Age já sabe que a franquia, desde Inquisition, tem sido deixada de lado. Mas o que antes era apenas especulação ganhou corpo com declarações contundentes de Mark Darrah, um dos principais nomes ligados à série. Segundo ele, após o sucesso de Inquisition, o time de desenvolvimento simplesmente deixou de receber suporte adequado por parte da BioWare e, principalmente, da EA. O motivo? A obsessão por Anthem.

O Efeito Anthem: Quando a Promessa Supera a Prioridade

Darrah revela que, após o fim de Inquisition, sua equipe foi constantemente deslocada para “apagar incêndios” em outros projetos — principalmente Mass Effect: Andromeda e depois Anthem. Mesmo quando retornavam ao desenvolvimento de Dragon Age, não havia recursos, estrutura ou sequer uma liderança dedicada. O jogo que os fãs esperavam se tornar a próxima grande epopeia de fantasia da BioWare era, nas palavras do próprio Darrah, “deixado para morrer”.

Essa negligência foi tamanha que parte do time foi convencida, com mentiras, de que o projeto de Dragon Age não os queria mais. Tudo para realocar força de trabalho no projeto de um live service falido desde sua concepção. A EA, mais uma vez, mostrou que sua visão de longo prazo para jogos é limitada por modismos de mercado e lucros imediatos.

A Cultura EA: O Veneno por Trás da Queda

Não é a primeira vez que ouvimos que a EA “engoliu” a identidade da BioWare. Mas ouvir de Mark Darrah que o estúdio foi “digerido pela cultura da EA” é uma constatação triste — e enfurecedora. Sob o controle da publisher, a BioWare deixou de ser a criadora de mundos ricos e histórias densas para se tornar uma engrenagem em uma máquina de monetização.

David Gaider, ex-roteirista-chefe de Dragon Age, já havia apontado que Mass Effect sempre foi a “criança favorita” da EA. Enquanto isso, Dragon Age era tratado como um fardo — mesmo sendo uma das franquias mais queridas do estúdio. As tensões internas, a divisão entre equipes e a falta de comunicação com desenvolvedores-chave escancaram a desorganização de uma empresa que perdeu completamente o rumo.

Um Veilguard Que Chega Tarde — E Talvez Seja Tarde Demais

O próximo título da série, Dragon Age: The Veilguard, ainda é um ponto de interrogação. Sabendo o quanto o projeto sofreu mudanças, cortes e interferências, é difícil manter o otimismo. A promessa inicial era de um novo jogo single-player com profundidade narrativa, mas o passado recente levanta dúvidas: quantos dos elementos originais sobreviveram? O quanto do DNA da BioWare ainda está presente?

A sensação é clara: Dragon Age está vivo mais por insistência dos fãs e de alguns desenvolvedores apaixonados, do que por uma estratégia consciente da EA.


Dragon Age merece mais. Merece respeito por parte de seus criadores. O mínimo que os fãs podem cobrar agora é transparência, comprometimento e — quem sabe um dia — a restauração do legado que foi lentamente enterrado sob decisões corporativas míopes.

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