O Discord quer abrir capital e virar infraestrutura dos games. Descubra como isso impacta os usuários e por que os anúncios são só o começo.

O Discord está mudando — e os jogadores vão sentir os efeitos

O Discord, plataforma favorita entre gamers para comunicação, está em meio a uma transformação profunda. Após anos de crescimento impulsionado por capital de risco, a empresa agora busca abrir seu capital na bolsa — e isso está moldando diretamente o que vemos no app.

De startup promissora à pressão por lucros

Desde 2024, já se sabia que o Discord cogitava se tornar uma empresa pública. Agora, segundo fontes do Financial Times, a companhia está em negociações ativas com bancos para concretizar o IPO (Oferta Pública Inicial). Isso não é mais apenas um desejo; é uma estratégia em andamento.

Esse movimento marca uma virada para o Discord, que até então priorizava crescimento sobre lucro. Foram mais de 17 rodadas de financiamento que somaram US$ 1 bilhão — um modelo típico entre empresas de tecnologia que apostam em retorno futuro através de uma aquisição bilionária ou da entrada na bolsa.

O preço da expansão: anúncios e mudanças na experiência do usuário

Quem já notou mudanças na interface e sentiu um “cheiro de inshittificação” — termo popular para a degradação de serviços digitais em busca de monetização — não está imaginando coisas. A monetização está acelerando.

Depois de introduzir anúncios na versão desktop, o Discord planeja levar a publicidade também para o mobile a partir de junho. E embora os anúncios tenham uma roupagem diferenciada (como “missões” e recompensas cosméticas), o objetivo é claro: transformar a base de usuários em fonte de receita rastreável e escalável.

O plano maior: virar infraestrutura essencial para a indústria de games

O mais impressionante, porém, vai além dos anúncios. O Discord quer se tornar parte essencial da infraestrutura dos jogos. Para isso, lançou o Discord Social SDK, um kit de desenvolvimento que oferece integração total com sistemas sociais — listas de amigos, convite para partidas, chat de voz e texto — tudo hospedado nos servidores da empresa, sem exigir login no Discord.

Isso torna o Discord mais do que uma ferramenta: transforma-o em parte nativa de jogos online. E como já tem parcerias com desenvolvedores como Rust, Splitgate 2 e TheoryCraft, essa ambição já está saindo do papel.

A grande jogada é simples: se o Discord virar o sistema padrão de comunicação nos games, ele deixa de ser apenas “legal de ter” e passa a ser insubstituível. Isso é ouro para investidores em potencial.

A corrida por resultados e o risco de perder o foco no usuário

Por trás de toda essa movimentação está a necessidade de provar, trimestre após trimestre, que o Discord tem potencial de crescimento exponencial. Isso significa mostrar inovações estratégicas — como o SDK — e explorar todas as fontes de receita possíveis.

Mas há um risco claro: a pressão de investidores pode levar a decisões de curto prazo, como cortes de equipe ou mudanças agressivas na monetização. Afinal, o jogo muda depois que uma empresa abre capital. O foco deixa de ser apenas o produto e o usuário — e passa a ser o desempenho do papel na bolsa.

Ainda é possível evitar a “inshittificação”?

O Discord é, de fato, uma plataforma fantástica. Quem lembra dos tempos de Ventrilo ou TeamSpeak sabe o salto que demos. Mas toda essa evolução veio de um modelo que apostava na gratuidade e no crescimento viral.

Hoje, há um impasse: os usuários querem tudo de graça, mas rejeitam anúncios. E as empresas precisam lucrar. Modelos como o do Nitro (assinatura paga) funcionam bem, mas não sustentam um gigante como o Discord sozinho — ainda mais se ele quiser conquistar Wall Street.

O futuro do Discord e o que isso significa para nós, gamers

Se a empresa conseguir equilibrar inovação, monetização e respeito à experiência do usuário, o futuro pode ser promissor. Mas se ceder totalmente à lógica do crescimento a qualquer custo, podemos ver o Discord seguir o caminho de tantas outras plataformas que se perderam após abrir capital.

Fica o alerta: o que começou como um espaço dos gamers pode virar mais uma ferramenta a serviço do mercado financeiro.

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