baldurs gate 3 larian studios

Enquanto algumas publishers seguem derrubando projetos feitos por fãs, Larian Studios adota uma postura oposta. Para o CEO Swen Vincke, desenvolvedores deveriam celebrar o trabalho da comunidade e oferecer licenças oficiais para projetos de modding, ao invés de recorrer a ameaças legais.

Em entrevista recente, Vincke defendeu que o modding é uma forma legítima de paixão e criatividade. “Você pode simplesmente dizer: ‘Achei o que você fez incrível. Aqui está uma licença.’ Isso resolve o problema”, explicou o diretor de Baldur’s Gate 3, em referência direta ao caso do mod Baldur’s Village, inspirado em Stardew Valley, que recebeu uma notificação de DMCA por parte da Wizards of the Coast.

A importância dos mods para a longevidade dos jogos

Exemplos não faltam: Skyrim permanece relevante mais de uma década após seu lançamento, em grande parte graças à comunidade modder. O mesmo vale para os clássicos Doom e Half-Life, que seguem vivos com conteúdos criados por fãs. Neste último caso, a Valve chegou até a permitir que o remake Black Mesa fosse vendido oficialmente.

Por outro lado, empresas como Nintendo e Take-Two ficaram marcadas por derrubar mods ambiciosos — inclusive projetos que não geravam lucro. Embora as ações geralmente se justifiquem com base em leis de propriedade intelectual, muitos jogadores veem essas medidas como prejudiciais à cultura gamer e à própria imagem das empresas.

Licenciar é mais fácil do que censurar

Para Vincke, o apoio aos mods é mais do que um gesto de boa vontade: é uma estratégia inteligente de marketing. “É boca a boca, é paixão. E se for um bom mod, contribui para o ecossistema do jogo”, disse o CEO. A Larian, inclusive, implementou suporte oficial a mods em Baldur’s Gate 3, incluindo nos consoles — algo ainda raro na indústria.

Com as ferramentas nas mãos da comunidade, surgiram campanhas como Path to Menzoberranzan, que hoje conta com centenas de desenvolvedores independentes. Em vez de censurar essas iniciativas, a Larian tem dado destaque a elas. A estratégia promete manter Baldur’s Gate 3 vivo por muitos anos — exatamente como aconteceu com Skyrim.

Um exemplo a ser seguido?

A proposta de Vincke traz uma reflexão importante: por que punir o que poderia ser transformado em colaboração oficial? Ao licenciar mods, as publishers poderiam manter o controle legal sobre suas propriedades, mas também abrir portas para colaborações com fãs engajados — algo que já se mostrou lucrativo em outros contextos.

Se estúdios como Rockstar e Nintendo um dia mudarão essa postura ainda é incerto. Mas, ao que tudo indica, o futuro dos jogos está cada vez mais entrelaçado com a comunidade — e ignorar isso pode ser um grande erro.

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