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A eterna discussão sobre dificuldade em Monster Hunter

Com o anúncio e os primeiros detalhes de Monster Hunter Wilds, a comunidade revive um velho e conhecido debate: o jogo está fácil demais ou difícil de menos? Parece que toda nova entrada na franquia da Capcom precisa passar por esse mesmo ciclo. E, ao que tudo indica, esse é um problema mais da comunidade do que do jogo em si.

Desde os tempos de Monster Hunter Freedom Unite, passando por World, Rise e agora Wilds, a discussão gira em torno do mesmo eixo: o que é dificuldade real em Monster Hunter?

A memória falha dos veteranos

Um ponto importante que muitos ignoram é o quanto Monster Hunter World, hoje aclamado, também foi criticado em seu lançamento por supostamente ser “fácil demais”. Só que a memória coletiva da comunidade é seletiva: esquecem o quanto sofreram com o Anjanath da campanha base e romantizam o passado com um filtro de nostalgia.

A verdade é que quem jogou desde os primeiros títulos muitas vezes não percebe o quanto evoluiu como jogador. E ao retornar a títulos antigos, com toda a bagagem acumulada, a experiência acaba sendo naturalmente mais fácil. Isso não torna os jogos mais simples—você é que ficou melhor.

Low rank nunca foi difícil — e nem deveria ser

A crítica mais comum atualmente é que o “low rank” em Wilds está fácil demais. Mas esse estágio sempre foi uma espécie de tutorial expandido. Ele serve para introduzir novos jogadores ao loop de gameplay, e não como um verdadeiro desafio para veteranos.

Quem já enfrentou um Rathian antes dificilmente será surpreendido de novo, mesmo com novos padrões de ataque. A curva de aprendizado simplesmente não é a mesma para quem já está no topo da cadeia alimentar de monstros.

O impacto da qualidade de vida

Outro argumento válido é que Wilds — assim como Rise e World — investe pesado em melhorias de qualidade de vida, como Palicos que curam, trampas automáticas e mobilidade refinada. Isso, sim, reduz a dificuldade de forma indireta. Mas isso é artificial ou apenas evolução da franquia?

Depende do ponto de vista. Há quem veja isso como uma perda de essência. Outros, como uma forma inteligente de tornar o jogo mais acessível sem tirar o brilho dos desafios mais avançados.

Dificuldade real está no Master Rank

Se existe uma verdade incontestável em Monster Hunter, é essa: o jogo começa mesmo no Master Rank. É lá que estão os monstros com padrões imprevisíveis, as batalhas longas e a necessidade de builds otimizadas. É lá que os veteranos encontram o que buscam.

Quer exemplos? Elatrion em Iceborne. Fatalis. EX Deviants em Generations Ultimate. Missões de anomalia no nível 300 em Sunbreak. Todos esses conteúdos representam o verdadeiro teste de habilidade para qualquer caçador. E o mesmo vai acontecer em Wilds — mais cedo ou mais tarde.

A roda gira, mas o ciclo é o mesmo

Sempre que um novo jogo chega, a história se repete: comunidade dividida, acusações de que “agora ficou fácil demais”, e comparações infinitas com o título anterior — que, ironicamente, também foi criticado quando saiu.

Daqui a alguns anos, Monster Hunter Wilds será lembrado com carinho, e o próximo jogo da série será o novo vilão da vez. A nostalgia é traiçoeira — e o ciclo, inevitável.


Mais tolerância, menos gatekeeping

A discussão sobre dificuldade é válida, mas perde força quando vira briga de ego entre “veterano de verdade” e “glazer de Wilds”. É preciso reconhecer que Monster Hunter precisa evoluir e atrair novos jogadores sem necessariamente abandonar seus pilares.

Low rank é para iniciantes. High rank é o aquecimento. E Master rank, o verdadeiro campo de batalha dos veteranos. Que tal respeitarmos esses espaços e aproveitarmos a caçada juntos?

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