A Árvore Deku: Guardiã da Floresta em Todas as Eras de Zelda

Poucos elementos de The Legend of Zelda são tão simbólicos quanto a Árvore Deku. Assim como a Master Sword e a Triforce, ela é um marco icônico que transcende gerações e versões da franquia. Desde sua estreia em Ocarina of Time, a Árvore Deku se manteve como uma figura paternal, espiritual e profundamente ligada à natureza de Hyrule. Mas afinal, quem ou o que é realmente essa entidade?

Ocarina of Time: A Origem do Guardião Espiritual

Em Ocarina of Time, somos apresentados à Árvore Deku logo na primeira fala do jogo. Ela é descrita como o Espírito Guardião da Floresta Kokiri, protegendo tanto os Kokiri quanto os segredos do mundo. Inspirada nos Ujigami do xintoísmo japonês — deuses protetores de clãs ou regiões — a Árvore Deku vai além de uma árvore comum: ela é a encarnação da essência mágica da floresta.

Neste jogo, a Árvore abriga a Esmeralda Kokiri, uma das chaves para abrir o Portão do Tempo. Após ser amaldiçoada por Ganondorf, Link enfrenta Gohma, um parasita que a corrói por dentro. Embora vença o inimigo, a Árvore morre, deixando para trás uma lição e um legado: preparar Link para o destino como Herói do Tempo.

Posteriormente, com a purificação do Templo da Floresta, nasce o Brotinho Deku, uma nova versão do espírito guardião, que mantém memórias do passado, mas é um ser distinto — quase uma reencarnação da Árvore original.

The Wind Waker: A Herança do Broto

Em The Wind Waker, séculos após os eventos de Ocarina of Time, encontramos uma nova Árvore Deku em Forest Haven, localizada em um mundo inundado. Esse novo espírito fala a antiga língua Hylian e reconhece o herói como o sucessor do Herói do Tempo. Segundo o Hyrule Encyclopedia, trata-se do brotinho que cresceu ao longo dos séculos.

Essa versão mantém viva a missão do passado, enviando os Koroks (descendentes espirituais dos Kokiri) para plantar árvores em todo o mundo. Forest Haven, inclusive, pode ter sido construída sobre os restos da Árvore Deku original — uma teoria apoiada por vestígios da antiga vila Kokiri.

Outras Aparições: Twilight Princess e Skyward Sword

Em Twilight Princess, o espírito não aparece diretamente, mas as árvores colossais que abrigam o Templo da Floresta podem ser remanescentes da Árvore Deku. Já em Skyward Sword, temos uma “Grande Árvore” nas Terras de Faron, que serve como dungeon, mas não demonstra consciência — sendo mais uma ancestral simbólica do que uma encarnação direta da Árvore Deku.

Os jogos Oracle of Ages e Oracle of Seasons trazem os Maku Trees, semelhantes em conceito, mas distintos em identidade.

Breath of the Wild e Tears of the Kingdom: O Maior de Todos

Milhares de anos depois, em Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, a Árvore Deku ressurge em Korok Forest como uma cerejeira colossal, reforçando seu elo com a cultura espiritual japonesa. Essa versão não está diretamente ligada às anteriores, mas compartilha a mesma função: guardar a floresta e a Master Sword.

Segundo o livro Creating a Champion, essa Árvore surgiu de um jovem broto ao lado do pedestal da Espada Mestra, que cresceu absorvendo a energia da terra — talvez até mesmo a misteriosa Energia Ancestral que alimenta tecnologias Sheikah. O tempo exato de sua origem é incerto, mas ela provavelmente surgiu após os eventos do Reino de Rauru, sendo uma nova manifestação espiritual da floresta.

Mais que um Espírito: A Força da Floresta Encarnada

A Árvore Deku é muito mais do que um NPC conselheiro. Ela representa a própria vitalidade das florestas de Hyrule. Quando está doente, a floresta adoece; quando floresce, a vida retorna ao seu redor. Seja como mentor, guardião ou símbolo místico, ela permanece como um dos pilares da mitologia de Zelda.

Mesmo com sua possível ausência nos próximos títulos, é difícil imaginar um jogo de Zelda sem alguma referência à Árvore Deku. E com um set oficial da LEGO a caminho e um filme em produção, tudo indica que esse espírito ancestral continuará sendo parte essencial do universo da franquia.